Conta-se em Faro que Paco Fortes, depois de ter fracassado a sua carreira de treinador fora do Farense, regressou a Barcelona e andou pelas ruas da amargura, tendo sido orientado por uma instituição de solidariedade social que lhe arranjou emprego no porto da capital catalã.
Paco Fortes chegou a Faro no final da sua carreira de futebolista, tendo depois enveredado pela de treinador. Levou então o Farense à Taça UEFA e à finalíssima da Taça de Portugal.
Em 1998, o Farense chegou à última jornada a precisar de ganhar para não descer. Acabou batendo o Rio Ave com um golo de Djucick, num desafio transcendente. De tal modo transcendente, que eu me inspirei então em Fernando Pessoa e publiquei nas Chuteiras ao Sol, no Jornal do Algarve de 28/05/1998, este poema:
O mostrengo que estava ao pé do lar
Na tarde de sol ergueu-se a voar;
Em sua casa tinha papado três vezes,
Voou três vezes a chiar;
E disse: “Foste tu quem três vezes entrou
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos verdes ao pé do Ave?”
E do barco disse tremendo:
“Sou eu, o Paco, e estou fervendo.”
Mil vezes do banco as mãos ergueu,
Mil vezes nos bolsos as reprendeu,
E disse ao fim de saltar mil vezes:
“Aqui, no banco, sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o que também é teu;
E mais que o mostrengo que minh’alma teme,
E roda nas trevas do fundo da tabela,
Manda a vontade que me amarra ao Algarve,
A fé e a paixão por Faro, cidade eternamente bela!”
Fonte: Por João Xavier em Marafado's Weblog
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