Assembleias realizaram-se ontem

Não foi por milagre, nem sequer através da já há muito anunciada venda de património. Foi com a ajuda de um fiscalista que a direção do Sporting Clube Farense (SCF) conseguiu, no espaço de um ano, diminuir as dívidas do clube ao Estado em quase seis milhões de euros.

Nas contas apresentadas ontem em Assembleia Geral (AG) do SCF, o número causou espanto, já que o emblema de Faro há muito se debate com graves problemas financeiros e com um passivo que rondará os 10 milhões de euros.

Uma evolução que o presidente do clube António Barão explicou com a limpeza que a sua direção fez à casa.

«Houve um grande trabalho do nosso fiscalista, ao longo deste mandato. A dívida era de 8 milhões e, neste momento está em 2,9 milhões», explicou António Barão ao barlavento.online, à margem da reunião.

«O nosso fiscalista fez um trabalho muito profundo. Houve muitos processos que prescreveram. Assim, este é o valor das dividas do clube à Segurança Social e ao fisco», revelou.

A maioria desta verba é devida à Fazenda Pública, pois no que toca à Segurança Social a situação está em vias de regularização. «Estamos neste momento a dever 80 mil euros à Segurança social e já acordámos um plano de pagamento a 96 prestações», contou António Barão.

Esta situação, apesar de colocar uma nota bem menos negra na situação financeira do clube, não é a solução para os seus problemas.

«Ainda teremos de arranjar, no curto prazo, uma verba de 500 mil euros, para pagar a credores, para podermos inscrever a equipa profissional de futebol na próxima época», revelou.

Assim, continua em cima da mesa a intenção de vender o Estádio de São Luís e os terrenos que este ocupa, mas agora, admitiu o presidente do SCF, o clube «tem mais poder negocial».


Contas menos complicadas, estatutos mais restritivos

Esta evolução, que permite ao clube e aos seus sócios ter esperanças legítimas quanto à sua viabilização económica diz respeito, parece ter estado na base da revisão estatutária que se seguiu à apresentação das contas de 2009/10, em nova AG.

A direção propôs maiores limitações na elegibilidade para cargos nos órgãos sociais do clube bem como ao direito de votar, participar e convocar AG.

Qualquer destes direitos só é reconhecido a um sócio que seja efetivo há mais de um ano, com quotas pagas. No caso do candidato a presidente, terá de ter três anos como sócio efetivo e quotas pagas.

A proposta original apontava, neste ponto, para os cinco anos de antiguidade, mas os sócios chumbaram a primeira proposta, por considerarem que isso podia complicar futuras eleições, dada a diminuição da massa associativa nos últimos anos (na sala estavam 85 sócios, numa votação de alteração de estatutos).

Como explicou Rui Gomes, que elaborou a proposta com António Barão, esta alteração teve como objetivo «evitar que alguém que não tenha amor ao clube se candidate, com grandes promessas, para poder ser ele a vender o Estádio».

A direção também propôs e viu ser aprovadas alterações a artigos nos estatutos que limitavam os seus poderes e que responsabilizavam os seus atos.

No primeiro caso, explicaram os redatores da proposta, tratou-se da eliminação de um artigo único que obrigava a direção do clube a submeter à AG qualquer ato que tivesse ligado a venda de património, aceitação de donativos e celebração de contratos.

Este é apenas um exemplo de artigos que existiam e que foram agora alterados que serviam «para esvaziar a direção de poderes», aprovados com base na existência de uma SAD, entretanto extinta.

No que toca à responsabilização dos dirigentes por eventuais prejuízos que as suas medidas possam causar, a direção introduziu a salvaguarda de que esta responsabilização só pode existir caso seja provada «gestão danosa», ou seja, que os atos foram feitos de má fé.

hugo rodrigues em http://www.barlavento.pt/

6 comentários

JoaoC disse...

Isto não é bem como se diz aqui, entre ter reduzido e esperar reduzir vai uma grande diferença. E foi isso que foi explicado pelo fiscalista, espera conseguir a redução para os referidos valores.

ALG disse...

Creio que esta direcção tem demonstrado a todos o enorme trabalho que tem desenvolvido em torno do clube.

A Assembleia de ontem só veio uma vez mais provar isso.

Claro que existem sempre “ursos” que nada fazem e por muito que outros façam nunca é o suficiente.

Com um pouco de calma poderemos ter a nossa situação resolvida mais dia, menos dia, no entanto o que mais me preocupa no imediato é ver resolvida a situação da inscrição da equipa de futebol na próxima época, pois é algo que para o qual já não resta assim tanto tempo.

Obrigado direcção por tentarem dignificar o Farense.

ALG

ADEPTO disse...

Então qual é a divida afinal?
Porque não se pede uma certidão oficial da divida às finanças?

Como está a questão do terreno ao pé do Jumbo que o Dr. Vitorino deu ao Farense? e o terreno junto à Assciação Futebol que o Dr Botelheiro deu ao Farense?


Qualquer um deles desbloquearia a situação financeira do nosso clube...Haja vontade politica e deixarem de se aproveitar do clube com tem sido feito até aqui...


A propósito penso que estiveram cerca de cem sócios na assembleia....muitos clubes que andam pela primeira liga não conseguem ter mais que vinte sócios...

Fernando disse...

Penso que são boas notícias para a família farense, o que prova o bom trabalho da direcção actual.
Se se confirmar a redução de grande parte do passivo estaremos no bom caminho.
O problema da inscrição de jogadores, para a qual é necessário 500 mil euros é um bom bico de obra.
Eu até julgava que essa verba não ultrapassaria os 200 mil.
Acho que serão necessárias ideias dos sócios para como se obter tal importância.
Por que não a constituição de um fundo de maneio destinado a esse fim ?
Cada um contribuíria com o que pudesse e, mesmo que não chegasse para a totalidade da dívida, certamente poderia ser substancialmente reduzida.
O Farense corre o risco de não poder arranjar novos atletas e, dos que estão, será que alguns não se irão embora ?

F. Neves

JoaoC disse...

São muitos milhões recuperados em relação ao passado, o que nos coloca numa situação completamente diferente. A situação da Petrogal caso tenha a sua resolução neste ano permitiria-nos praticamente ficar sem dividas e com o estádio.

Carlos Costa disse...

Já agora esses 500 mil para inscrever a equipa são referentes a quê e a quem?

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